segunda-feira, 30 de maio de 2011

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Aula Prática do Curso de Engenharia Florestal


ftNo dia 29 de abril os alunos do 7º período do Curso de Engenharia Florestal realizaram uma aula prática de análise de fezes de animais silvestres, sendo a mesma parte do conteúdo da disciplina de Manejo de Fauna Silvestre, ministrada pelo Prof. Augusto Gabriel. Para a realização da aula foram coletadas fezes de diferentes espécies mantidas no Bosque Municipal de Garça, tais como, veado, jabuti, bugio e quati, além de fezes das emas mantidas pela FAEF.

                No Laboratório de Sementes esse material foi apresentado aos alunos para que os mesmos verificassem as diferenças que ocorrem entre as fezes dos animais e em seguida as fezes de bugio foram triadas para verificar a variedade de frutos consumidos por eles através da classificação das sementes encontradas.
                A análise de fezes, apesar de ser um estudo diferente, é de grande importância para profissionais que pretendem atuar na área de conservação. Através dele é possível realizar levantamentos qualitativos da fauna, pois alguns animais possuem fezes bem características, como os veado, permitindo que sua presença em um local seja constatada sem que haja o contato direto com o animal. Também é possível ter noções do hábito alimentar através da análise do material contido em suas fezes, tais como pelos, sementes, ossos e folhas. Analisando apenas as sementes, pode-se determinar o potencial dispersor do animal, pois algumas espécies, como os bugios, ao consumirem frutos ingerem algumas sementes e as eliminam com as fezes a certa distância da ‘planta-mãe’, podendo haver também a quebra da dormência das sementes através da ação do suco gástrico, contribuindo assim na manutenção da população vegetal.
                O Corpo Administrativo do Curso de Engenharia Florestal parabeniza os alunos pela participação na aula e agradece aos funcionários da Secretaria do Verde e Meio Ambiente de Garça pela contribuição na realização da mesma.            


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segunda-feira, 23 de maio de 2011

São João Gualberto: Protetor dos Florestais


Resumo do Livro de Dom Emiliano Lucchesi O.S.B.V.,  São Paulo , 1956.

(Escrito por ocasião da inauguração da estátua de São João Gualberto, doada pela Ordem dos Beneditinos de Valombrosa e pela Academia Florestal Italiana à cidade de São Paulo)
No Brasil - Mosteiro São João Gualberto
R. Dr. Argemiro Couto de Barros, 220
Pirituba - São Paulo - Capital
Cep 05.142-040     Tel: (011) 3832-13 06
Na aproximação do milênio Gualbertiano, temos a satisfação em conhecer esta obra-síntese. Neste pequeno volume traça-se um rápido esboço da vida do nosso Santo Fundador, conhecido na mística religiosa como o “HERÓI DO PERDÃO”, e no âmbito humano-ecológico, o precursor em ensinar a importância ética de amar e conservar o que a Providência Divina cria e entrega como benefício à humanidade.

  Pelo carinho e dedicação, evidencia-se um discipulado dos que fizeram esta edição em relação a São João Gualberto, como mestre inspirador na conservação das florestas, confiadas ao zelo dos Engenheiros Florestais. 
Assim também cantara o poeta:
“Para cumprir belas empresas
A arte ajuda e o tino tem parte.
Mas, se o céu não é amigo
Desfaz-se o tino e a arte.”
A nossa gratidão e o desejo que estas páginas possam tornar mais conhecida a figura de São João Gualberto, benemérito no ideal da cultura das florestas, que mereceu ser declarado oficialmente “PADROEIRO DOS FLORESTAIS”, pelo saudoso Papa Pio XII.
Pe. Enrico Angelo Crippa 
Prior
O Nascimento
   João Gualberto Visdomini nasceu em Florença, Itália, por volta do ano 995. Foi o segundo filho de Gualberto Visdomini e D.Villa. Vindos de famílias nobres e ricas, eles foram morar no Castelo de Petroio, em Chianti, a 25 quilômetros da cidade, onde se dedicaram à educação dos filhos.
   Há poucos documentos sobre sua infância e adolescência, porém se sabe que seu pai, senhor Gualberto, como homem de armas, educou seus filhos para serem perfeitos cavaleiros, guerreiros hábeis em armas e batalhas, prontos a defender a honra e o patrimônio da rica família a qual pertenciam. Sabe-se também que a senhora Villa como mãe cristã, educou-os dentro dos ensinamentos da religião.
O Chamado
Os primeiros relatos sobre acontecimentos na vida do Santo se dão a partir de uma tragédia na família. Seu único irmão foi assassinado. Segundo costume da época - em que os grandes, os poderosos, os ricos, faziam justiça pelas próprias mãos, aplicando as leis de Talião: “olho por olho, dente por dente”- João Gualberto assumiu o compromisso de punir o criminoso e assim vingar a injúria feita à família.
Para cumprir sua vingança saia todas as manhãs a procura do seu mortal inimigo. Na manhã da Sexta-feira Santa do ano de 1028  não foi diferente. Partiu de seu castelo, armado e acompanhado de seus homens.  Eis que, numa curva do caminho para Florença, encontra o assassino de seu irmão.
Logo esporeia o cavalo, desembainha a espada, lançando-se sobre o inimigo gritando:  - Considera-te um homem morto!
O infeliz, vendo-se impossibilitado de fugir, ou pelo menos de defender-se, lança-se de joelhos, cruza os braços sobre o peito e implora piedade: - Por amor de Cristo, de quem hoje recordamos a dolorosa paixão, perdoa o meu pecado!
Diante de tal atitude e de tais palavras, João atira ao solo a espada, apeia do cavalo, abraça ternamente o inimigo e beija-o com afeto. A seguir, como se não acreditasse em si mesmo, olha para as próprias mãos para dar-se conta de que estão puras de sangue. 
Então se dirigiram para a Basílica de São Miniato onde estava terminando os atos de adoração da sexta-feira Santa da Cruz. São João Gualberto, tomando pela mão o que tinha sido seu inimigo, o assassino de seu irmão, sobe a pequena escadaria, entra na Igreja, ajoelha-se diante do crucifixo bizantino. E quando, entre lágrimas, está contando a Cristo a alegria de haver perdoado, todos presentes notam que o Crucifixo se destaca da parede e se inclina para ele, como sinal da aprovação divina.  Enquanto, com os olhos estáticos contemplava o Crucifixo que se inclinava para ele, ouviu no íntimo da alma o apelo: “Vem e segue-me”. Sem demora, dispensa seus soldados, bate à porta da abadia, pergunta pelo superior e pede-lhe a caridade de recebê-lo entre seus monges.
O Novo Campo de Batalha
Com 33 anos de idade esse nobre guerreiro escolheu o caminho do serviço, da humildade, da penitência, do estudo e da oração.  Como qualquer homem de armas do seu tempo, nunca tinha precisado aprender  a ler ou necessitado estudar.  Sabia cavalgar, manejar armas, comandar em guerras e tudo mais que fosse preciso para ser um cavaleiro. Mas, tendo-se feito monge, dedicou-se totalmente a nova vida escolhida, usando todo tempo livre para os estudos.  Tanta disciplina, dedicação e esforço conquistaram a admiração e o respeito dos seus irmãos de  ordem.
Lobos em pele de ovelha
Em 1035 acontece um caso de Simonia na sucessão do Abade de S. Miniato.  Simonia é a nomeação para cargos ou obtenção de favores dentro da Igreja mediante dinheiro.  Assim que soube da compra da nomeação João Gualberto ficou indignado.  Esta indignação precipita um fato que nos mostra que o antigo cavaleiro aprendeu a usar uma nova arma, a palavra.  E ele usou a serviço da Igreja.  Ele sai do mosteiro, desce a Cidade de Florença e denuncia o fato na praça pública num dia de feira e convoca a população a reagir. Devido a mobilização popular a situação foi revertida. Mas ele e um confrade se recusam a voltar àquele Mosteiro e iniciam uma marcha. Foram primeiramente ao Mosteiro de Camaldoli, onde os monges viviam em oração numa vida eremita, contemplativa, afastados da sociedade.  Passaram pouco tempo lá e reiniciaram a viagem a procura de que Deus lhes mostrasse onde os queria.
A faia sagrada
Certo dia ao cair da tarde, os dois monges já exaustos, o tempo se fechava anunciando tempestade, estavam numa região montanhosa a mais de 1.000m de altitude. Escolheram uma árvore, uma faia, e abrigaram-se embaixo dela. Durante a noite esta árvore curvou seus galhos, protegendo-os. Ao amanhecer ambos estavam secos e aquecidos. Vendo isto São João Gualberto entendeu: - O Nosso Senhor nos quer aqui. E assim foi. Deste ano em diante a Faia que indicou a vontade de Deus aos monges foi sempre a primeira a florir. Este local era Vallombrosa, palavra italiana para “Vale de Sombras”.
Os primeiros tempos
Ao se instalarem lá encontraram pessoas que já moravam nos bosques. Os desvalidos que tinham nas florestas alguma comida e abrigo e os eremitas que procuravam um lugar longe da maldade humana. Muitos destes aprenderam rapidamente a admirar e respeitar a santidade destes monges que, sem abandonar as orações e leituras, iniciaram a trabalhar na terra e a construir o Mosteiro.  E mais monges vinham de toda parte para se por às ordens de São João Gualberto. Mas também havia os bandidos e ladrões que usavam os bosques como esconderijo. Os salteadores, vendo como os discípulos de São João Gualberto aumentavam, começaram a perseguir os monges de todos os modos: injúrias, agressões, roubos e pancadas.  Orientados pelo Santo, os monges não se deixaram contaminar pela violência. 
Com suas orações e exemplo de vida de alegrias fraternas e paz conseguiram converter alguns dos perseguidores e expulsar outros, cujas almas não suportam a proximidade da paz e harmonia, para bem longe.  Resolvido o problema das pessoas ruins, surgiram os espíritos ruins.  Coisas estranhas começaram a acontecer. Viam-se pelas florestas figuras medonhas, ouviam-se vozes horrendas blasfemando.  Aos monges assustados João lembrava as palavras de Santo Agostinho:  -”Não temais, Satanás é qual cão acorrentado que só pode morder a quem imprudentemente dele se aproxima; só exerce seu poder sobre os fracos, os negligentes e os que perderam o temor de Deus.”
Os discípulos fortalecidos na fé permaneceram firmes nas suas vidas de serviço a Deus, sem deixar nada assustá-los.
O Mosteiro de Valombrosa
Assim nasceu a Ordem dos Monges Beneditinos de Valombrosa. São Bento ao escrever a Regra da Ordem propôs-se criar uma escola que chamou de Escola do Serviço de Deus. Com esta escola São Bento de impôs dois fins: formar santos monges e preparar eficientes auxiliares para a humanidade e a Igreja.  Logo o monge Beneditino deve permanecer um operário de Deus, esteja ele cantando em coro os louvores do Senhor, ou na cela estudando ou transcrevendo manuscritos antigos e leis, ou ensinando, ou nos campos recuperando e cultivando terra, ou, nas montanhas, cuidando de bosques e florestas, ou nos abrigos alpinos recolhendo viajantes perdido, ou entre infiéis a quem deve converter à verdadeira fé. Seguindo com disciplina e austeridade estes preceitos São João Gualberto plantou em Valombrosa um centro de estudos e aprendizagem respeitado por todos.   A própria Igreja  enviava  ao  mosteiro  seus  padres e bispos para aprofundarem seus estudos. Pessoas de todos os lugares traziam seus filhos para estudarem lá. Os jovens e crianças estudavam, oravam e trabalhavam a terra, replantando os bosques do Vale e plantando o alimento do mosteiro. Nos séculos que se seguiram viveram em Valombrosa Monges virtuosos; floresceram aí teólogos, filósofos, artistas, literatos, com uma especialização particular nas línguas orientais, nas matemáticas, na botânica e em todas essas matérias foram ótimos mestres também nas universidades.
Tanto que a cidade de Milão convidou os Valombrosanos a fundar a cátedra de botânica na célebre universidade de Pavía, ao mesmo tempo que as universidades de Pádua, de Roma e de Londres se dirigiam a Valombrosa para conseguir mestres competentes em tais assuntos. Galileu Galilei foi noviço e aluno em Valombrosa onde recebeu as primeiras noções do seu sistema planetário do Abade Orácio Morandi. Mais tarde tornou-se mestre de Matemática na Abadia Valombrosana de Passignano.
O cultivo dos Bosques
São João Gualberto não só se dedicou ao apostolado religioso e caritativo, mas, inspirando-se no programa beneditino, resumido no binômio Reza e Trabalho, exerceu também fecunda missão social mediante trabalho mais útil, mais sagrado, dedicando-se com os seus monges à agricultura e à silvicultura. Historiadores e biógrafos de São João Gualberto nos mostram que ele lançou os primeiros germes para o cultivo racional dos bosques de Valombrosa e apontam os Valombrosanos como precursores da lei agrária; pois eles iniciaram a divisão da propriedade, criaram a burguesia rural, e deram poderoso impulso ao melhoramento das condições sociais do povo. Os filhos espirituais de São João Gualberto, para desenvolver o trabalho iniciado por seu Santo Fundador, tiveram de lutar não somente contra as dificuldades do terreno, mas vencer preconceitos profundamente radicados, e interesses egoístas. Entretanto, confiando em Deus e na boa causa, venceram todos os obstáculos: as montanhas de Valombrosa foram coroadas de bosques espessos e ricas florestas. E, ainda hoje, nos montes que rodeiam o Mosteiro de Valombrosa, onde São João Gualberto começou os primeiros trabalhos de silvicultura, contemplam-se copadas árvores que fazem a admiração dos estrangeiros e tornam Valombrosa um dos mais deliciosos lugares europeus de veraneio  e ecoturismo.
O Protetor dos Florestais
Por esta razão em 12 de janeiro de 1952 o Papa Pio XII proclamou São João Gualberto Protetor dos Florestais. Seu dia se comemora em 12 de Julho, pois foi nesse dia do ano de 1073 que, na idade de 78 anos, São João Gualberto encerrou a sua jornada laboriosa e entregou multiplicado, ao Pai Celeste, o talento que havia recebido.

Resumo do livro: São João Gualberto - Fundador dos Monges Beneditinos Valommbrosanos - Protetor dos Florestais”
Escrito por: Dom Emiliano Lucchesi - Abade de Valombrosa (Florença - Itália), em 1956, por ocasião da inauguração da estátua de São João Gualberto, doada pela Ordem dos Beneditinos de Valombrosa e pela Academia Florestal Italiana à cidade de São Paulo.
Agradecimentos: À Equipe da Revista Família Cristã e
Ao  Mosteiro São João Gualberto pelas informações prestadas,
À Eng.Florestal Brígida Duarte, pela adaptação e resumo
e a Rachel Duarte pela foto da estátua que se encontra no Horto.