mar 08, 2011 21 Comentários por Colunista
Fonte : http://style.greenvana.com/2011/telhados-verdes-sao-isolantes-termicos-previnem-inundacoes-e-tem-beneficio-psicologico/
Em arquitetura sustentável, nenhuma ideia me parece tão bem difundida quanto a dos telhados verdes. Eu diria até que eles viraram o verdadeiro símbolo dessa arquitetura, apesar de serem ainda pouco executados e ter seus benefícios muitas vezes desconhecidos do grande público.
Apesar do conceito dos telhados eco já ter sido posto em prática na antiguidade, nos Jardins Suspensos da Babilônia (século VI), nos tempos modernos seu precursor foi o arquiteto-urbanista Le Corbusier, que listou esta ideia em seus cinco pontos da arquitetura moderna. No Rio de Janeiro, Le Corbusier o implantou pela primeira vez no edifício do MEC (ex-Ministério da Educação e Cultura, o Palácio Gustavo Capanema), em um projeto desenvolvido por Lúcio Costa, Oscar Niemeyer, Affonso Eduardo Reidy, Jorge Machado Moreira, entre outros — todos nomes que viriam a ser os grandes mestres da arquitetura moderna no Brasil.
Para Le Corbusier, as cidades modernas encontravam-se asfixiadas, sem áreas verdes suficientes, que pudessem propiciar uma boa qualidade de vida. Portanto, além de propor que os novos bairros das cidades fossem construídos de forma mais espaçada, propunha que os edifícios tivessem terraços-jardim.
Como comentado na minha coluna anterior (sobre cidades compactas), esta teoria de se espaçar os edifícios provou-se equivocada quando almejamos cidades mais sustentáveis. Pois assim geramos uma dependência no automóvel.
Mas então, quais seriam os benefícios dos telhados verdes? O uso deles funciona como um excelente isolante térmico, de baixo custo, que faz com que utilizemos menos o ar-condicionado, poupando o gasto de energia elétrica. Além disso, o solo dos telhados verdes absorve a água das chuvas, retendo a mesma durante as tempestades, aliviando as tubulações de águas pluviais da cidade e, portanto, prevenindo inundações.
Também é claro que as áreas verdes atuam purificando o ar, absorvendo o gás carbônico e produzindo oxigênio, além de propiciarem espaço para relaxar ao ar livre — um enorme benefício psicológico.
NOTA DO COLUNISTA: Para ler mais sobre Le Corbusier e suas teorias, aconselho o livro “Por Uma Arquitetura” (Editora Perspectiva), de 1923. A reedição foi publicada em São Paulo, em 1981.
Rafael Saraiva ( é arquiteto e urbanista graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pós-graduado em Planejamento Urbano pela TU Delft, na Holanda. Vive em Roterdã, onde já integrou as equipes das empresas Kempe Thill e KCAP Architects and Planners, e é proprietário da Random, rede interdisciplinar que desenvolve projetos em arquitetura, urbanismo, moda, design e vídeo.